2.1 DAS DIFERENTES CATEGORIAS DOS ESPÍRITOS

ESCALA ESPÍRITA – quadro das várias ordens de Espíritos, indicando os degraus que devem percorrer a fim de chegarem à perfeição. Compreende três ordens principais: os Espíritos imperfeitos, os bons Espíritos e os puros Espíritos, subdivididos em nove classes caracterizadas pela progressão dos sentimentos morais e das ideias intelectuais.

Os próprios Espíritos nos ensinam que pertencem a diferentes categorias, conforme seu grau de depuração, mas também nos dizem que essas categorias não constituem espécies distintas e que os Espíritos são chamados a percorrê-las sucessivamente. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário Espírita – p. 13)

De todos os princípios fundamentais da doutrina espírita, um dos mais importantes é, incontrastavelmente, aquele que estabelece as diferentes ordens de Espíritos. No começo das manifestações pensou-se que um ser, por isso mesmo que é Espírito, deveria ter a ciência infusa e a suprema sabedoria e muita gente se julgou de posse de meios infalíveis de adivinhação. Esse erro ocasionou muitos equívocos. Em breve a experiência demonstrou que o mundo invisível está longe de encerrar apenas Espíritos superiores: eles próprios nos informam que não são iguais nem em saber nem em moralidade, e que sua elevação depende do grau de perfeição a que tenham atingido. Traçaram eles os caracteres distintivos desses diversos graus que constituem o que denominamos a Escala Espírita. Desde logo a diversidade e as contradições de sua linguagem foram explicadas e se compreendeu que, entre os Espíritos, como entre os homens, para saber uma coisa não nos devemos dirigir ao primeiro que nos aparecer.

Dá-nos assim essa escala a chave de uma porção de fenômenos e anomalias aparentes, das quais seria difícil, quiçá impossível, darmo-nos conta sem o seu auxílio. Além disso ela nos interessa pessoalmente, porque, por nossa alma, pertencemos ao mundo espírita, no qual entramos ao deixar a vida corpórea e, ainda, porque ela nos mostra o caminho a seguir a fim de chegar à perfeição e ao supremo bem.

Do ponto de vista da ciência prática ela nos dá o meio de julgar os Espíritos que se apresentam nas manifestações e de apreciar o grau de confiança, que sua linguagem nos deve inspirar. Esse estudo requer uma observação atenta e constante: são precisos tempo e experiência para aprender a conhecer os homens; e não são necessários menos para aprender a conhecer os Espíritos.

A escala espírita compreende três ordens principais, indicadas pelos Espíritos e perfeitamente caracterizadas. Como essas ordens apresentam cada uma várias nuanças, nós as dividimos em várias classes designadas pelo caráter dominante dos Espíritos que delas fazem parte. Aliás essa classificação nada tem de absoluto: cada categoria só oferece um caráter marcante no seu conjunto; mas de um a outro grau a nuança se apaga, como nos reinos da natureza, como nas cores dei arco-íris ou, ainda, como nos vários períodos da vida. De vinte a quarenta anos o homem experimenta uma notável mudança. Aos vinte é um homem moço; aos quarenta, um homem feito. Mas entre essas duas fases da vida seria impossível estabelecer uma linha de demarcação e dizer onde termina uma e começa a outra. Dá-se o mesmo nos graus da escala espírita. Além disso observamos que os Espíritos não pertencem sempre e exclusivamente a esta ou àquela classe: seu progresso só se realiza gradualmente e, muitas vezes, mais num sentido do que no outro, com o que podem reunir caracteres de várias categorias, o que é fácil de reconhecer-se por sua linguagem e por suas ações. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Escala espírita – p. 39-40)

CIÊNCIA INFUSA: Que nasce naturalmente: conhecimento infuso. [Definição do Dicio – Dicionário  Online de Português]

96. São iguais os Espíritos, ou há entre eles qualquer hierarquia?

“São de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 90)

97. As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?

“São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três principais.

Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda, os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 90)

– Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho etc. Comprazem-se no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito maus, antes perturbadores e enredadores, do que perversos. A malícia e as inconsequências parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos;

– Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral; (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Introdução – p. 24)

ENREDAR: emaranhar(-se) em rede; enlear(-se). [Definição do Dicionário Online do Google]

ESTÚRDIO: que denota estranheza, esquisitice (diz-se de qualquer coisa); incomum, esquisito. [Definição do Dicionário Online do Google]

100. Observações preliminares. – A classificação dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se. Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte  Segunda – Capítulo I – p. 91)

V. — Por que não são perfeitos todos os Espíritos? Tê-los-á Deus assim criado em tão diversas categorias?

A. K. — É o mesmo que perguntar por que todos os alunos de um colégio não estão cursando a aula de Filosofia.

Todos os Espíritos têm a mesma origem e o mesmo destino; as diferenças que os separam não constituem espécies distintas, mas exprimem diversos graus de adiantamento. Os Espíritos não são perfeitos, porque não são mais do que as almas dos homens, que não atingiram também a perfeição; e, pela mesma razão, os homens não são perfeitos por serem encarnações de Espíritos mais ou menos adiantados. O mundo corporal e o mundo espiritual estão em contínuo revezamento; pela morte do corpo, o mundo corporal fornece seu contingente ao espiritual; pelos nascimentos, este alimenta a humanidade.

Em cada nova existência, o Espírito dá maior ou menor passo no caminho do progresso, e, quando adquiriu na Terra a soma de conhecimentos e a elevação moral que o nosso globo comporta, ele o deixa, para ir viver em mundo mais elevado onde vai aprender novas coisas.

Os Espíritos que formam a população invisível da Terra são, de alguma sorte, o reflexo do mundo corporal; neles se encontram os mesmos vícios e as mesmas virtudes; há entre eles sábios, ignorantes e charlatães, prudentes e levianos, filósofos, raciocinadores, sistemáticos; como se não se despissem de seus prejuízos, todas as opiniões políticas e religiosas têm entre eles representantes; cada um fala segundo suas ideias, e o que eles dizem é, muitas vezes, apenas a sua opinião pessoal; eis o motivo por que se não deve crer cegamente em tudo o que dizem os Espíritos. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo I – p. 86-87)

20. Segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por escopo a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Não lhes deu, contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento da sua criação que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingido o apogeu, tornam-se puros Espíritos ou anjos segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente até o anjo, há uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.

Do exposto resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso.

Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Primeira Parte – Capítulo IX – p. 118-119)

Nota – […] O Espiritismo, pois, revela a unidade, a harmonia e a justiça na Criação. Segundo ele, os demônios são as almas atrasadas, ainda prenhes dos vícios da Humanidade; os anjos são essas mesmas almas depuradas e desmaterializadas; entre esses dois pontos extremos, a multidão das almas nos diferentes graus da escala progressiva. Estabelece desse modo a solidariedade entre o mundo espiritual e o mundo corpóreo. (Allan Kardec – Obras Póstumas – Controvérsias sobre a ideia da existência de seres intermediários entre o homem e Deus – p. 113)

PRENHE: que foi enchido ao máximo; abarrotado, repleto, cheio. [Definição do Dicionário Online do Google]

26. Da diversidade nas qualidades e nas aptidões dos Espíritos, resulta que não basta se dirigir a um Espírito qualquer para obter uma resposta justa a toda pergunta, porque, sobre muitas coisas, não podem dar senão a sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Se ele for sábio, confessará a sua ignorância sobre o que não sabe; se for leviano ou mentiroso, responderá sobre tudo sem se importar com a verdade; se for orgulhoso, dará a sua ideia como verdade absoluta. Haveria, pois, imprudência e leviandade em aceitar, sem controle, tudo o que vem dos Espíritos. Por isso, é essencial estar esclarecido quanto à natureza daqueles com os quais se ocupe. (Allan Kardec – Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas – Manifestações Espíritas – p. 14-15)

317. Após a morte, conservam os Espíritos o amor da pátria?

“O princípio é sempre o mesmo. Para os Espíritos elevados, a pátria é o Universo. Na Terra, a pátria, para eles, está onde se ache o maior número das pessoas que lhes são simpáticas.”

Nota – As condições dos Espíritos e as maneiras por que vêem as coisas variam ao infinito, de conformidade com os graus de desenvolvimento moral e intelectual em que se achem. Geralmente, os Espíritos de ordem elevada só por breve tempo se aproximam da Terra. Tudo o que aí se faz é tão mesquinho em comparação com as grandezas do infinito, tão pueris são, aos olhos deles, as coisas a que os homens mais importância ligam, que quase nenhum atrativo lhes oferece o nosso mundo, a menos que para aí os leve o propósito de concorrerem para o progresso da humanidade.

Os Espíritos de ordem intermédia são os que mais frequentemente baixam a este planeta, se bem considerem as coisas de um ponto de vista mais alto do que quando encarnados. Os Espíritos vulgares, esses são os que aí mais se comprazem e constituem a massa da população invisível do globo terráqueo. Conservam quase que as mesmas ideias, os mesmos gostos e as mesmas inclinações que tinham quando revestidos do invólucro corpóreo. Metem-se em nossas reuniões, negócios, divertimentos, nos quais tomam parte mais ou menos ativa, segundo seus caracteres. Não podendo satisfazer às suas paixões, gozam na companhia dos que a elas se entregam e os excitam a cultivá-las. Entre eles, no entanto, muitos há, sérios, que vêem e observam para se instruírem e aperfeiçoarem. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo VI – p. 185-186)

9. […] Como há homens de todos os graus de saber e de ignorância, de bondade e de maldade, ocorre o mesmo com os Espíritos. Há os que são apenas levianos e traquinas, outros são mentirosos, trapaceiros, hipócritas, maus, vingativos; outros, ao contrário, possuem as mais sublimes virtudes e o saber num grau desconhecido na Terra. Essa diversidade na qualidade dos Espíritos é um dos pontos mais importantes a se considerar, porque explica a natureza boa ou má das comunicações que se recebem; é em distingui-las que é preciso, sobretudo, se aplicar. (Allan Kardec – Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas – Dos Espíritos – p. 7)

– Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho etc. Comprazem-se no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito maus, antes perturbadores e enredadores, do que perversos. A malícia e as inconsequências parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos;

– Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral; (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Introdução – p. 24)

ENREDAR: emaranhar(-se) em rede; enlear(-se). [Definição do Dicionário Online do Google]

ESTÚRDIO: que denota estranheza, esquisitice (diz-se de qualquer coisa); incomum, esquisito. [Definição do Dicionário Online do Google]

[Espíritos Endurecidos – Um espírito aborrecido]

2. Qual a vossa posição entre os Espíritos?

— R. Estou entre os entediados.

— P. Mas isso não forma categoria…

— R. Entre nós, tudo forma categoria. Cada sensação encontra suas semelhantes, ou suas simpatias que se reúnem. (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Segunda Parte – Capítulo VII – p. 330)

[…] os próprios Espíritos nos ensinam não haver entre eles igualdade de conhecimentos nem de qualidades morais, e que não se deve tomar ao pé da letra tudo quanto dizem. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Introdução – p. 33)

143. Por que todos os Espíritos não definem do mesmo modo a alma?

“Os Espíritos não se acham todos esclarecidos igualmente sobre estes assuntos. Há Espíritos de inteligência ainda limitada, que não compreendem as coisas abstratas. São como as crianças entre vós. Também há Espíritos pseudossábios, que fazem alarde de palavras, para se imporem, ainda como sucede entre vós. Depois, os próprios Espíritos esclarecidos podem exprimir-se em termos diferentes, cujo valor, entretanto, é, substancialmente, o mesmo, sobretudo quando se trata de coisas que a vossa linguagem se mostra impotente para traduzir com clareza. Recorrem então a figuras, a comparações, que tomais como realidade.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo II – p. 109)

60. […] De há muito, a experiência há demonstrado ser errôneo atribuir-se aos Espíritos todo o saber e toda a sabedoria, e que bastaria dirigir-se ao primeiro Espírito que se apresente para conhecer todas as coisas. Saídos da humanidade, os Espíritos constituem uma de suas faces. Assim como na Terra, entre eles há os superiores e os vulgares; muitos deles, pois, científica e filosoficamente, sabem menos do que certos homens; eles dizem o que sabem, nem mais, nem menos. (Allan Kardec – A Gênese – Capítulo I – p. 45)

873. O sentimento da justiça está na natureza, ou é resultado de ideias adquiridas?

“Está de tal modo na natureza, que vos revoltais à simples ideia de uma injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, frequentemente, em homens simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que possuem grande cabedal de saber.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo XI – p. 389)

874. Sendo a justiça uma Lei da Natureza, como se explica que os homens a entendam de modos tão diferentes, considerando uns justo o que a outros parece injusto?

“É porque a esse sentimento se misturam paixões que o alteram, como sucede à maior parte dos outros sentimentos naturais, fazendo que os homens vejam as coisas por um prisma falso.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –  Parte Terceira – Capítulo XI – p. 389)

49. […] 5ª Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de ignorância; (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Primeira Parte – Capítulo IV – p. 57)

13. As atribuições dos Espíritos são proporcionadas ao seu progresso, às luzes que possuem, às suas capacidades, experiência e grau de confiança inspirada ao Senhor soberano. (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Primeira Parte – Capítulo III – p. 31)

28. Quando, em um mundo, os Espíritos hão realizado a soma de progresso que o estado desse mundo comporta, deixam-no para encarnar em outro mais adiantado, onde adquiram novos conhecimentos e assim por diante, até que, não lhes sendo mais de proveito algum a encarnação em corpos materiais, passam a viver exclusivamente da vida espiritual, na qual continuam a progredir, mas noutro sentido e por outros meios. Chegados ao ponto culminante do progresso, gozam da suprema felicidade. Admitidos nos conselhos do Onipotente, conhecem-lhe o pensamento e se tornam seus mensageiros, seus ministros diretos no governo dos mundos, tendo sob suas ordens os Espíritos de todos os graus de adiantamento.

Assim, qualquer que seja o grau em que se achem na hierarquia espiritual, do mais ínfimo ao mais elevado, têm eles suas atribuições no grande mecanismo do universo; todos são úteis ao conjunto, ao mesmo tempo que a si próprios. Aos menos adiantados, como a simples serviçais, incumbe o desempenho, a princípio inconsciente, depois, cada vez mais inteligente, de tarefas materiais. Por toda parte, no mundo espiritual, atividade, em nenhum ponto a ociosidade inútil. (Allan Kardec – A Gênese – Capítulo XI – p. 193-194)

536. São devidos a causas fortuitas, ou, ao contrário, têm todos um fim providencial, os grandes fenômenos da Natureza, os que se consideram como perturbação dos elementos?

“Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus.”

a) Objetivam sempre o homem esses fenômenos?

“Às vezes têm, como imediata razão de ser, o homem. Na maioria dos casos, entretanto, têm por único motivo o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da Natureza.”

b) Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária, nisto como em tudo; porém, sabendo que os Espíritos exercem ação sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exercerão certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?

“Evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IX –  p. 262)

537. A mitologia dos antigos se fundava inteiramente em ideias espíritas, com a única diferença de que consideravam os Espíritos como divindades. Representavam esses deuses ou esses Espíritos com atribuições especiais. Assim, uns eram encarregados dos ventos, outros do raio, outros de presidir ao fenômeno da vegetação etc. Semelhante crença é totalmente destituída de fundamento?

“Tão pouco destituída é de fundamento, que ainda está muito aquém da verdade.”

a) Poderá então haver Espíritos que habitem o interior da Terra e presidam aos fenômenos geológicos?

“Tais Espíritos não habitam positivamente a Terra. Presidem aos fenômenos e os dirigem de acordo com as atribuições que têm. Dia virá em que recebereis a explicação de todos esses fenômenos e os compreendereis melhor.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IX – p. 262-263)

538. Formam categoria especial no mundo espírita os Espíritos que presidem aos fenômenos da Natureza? Serão seres à parte ou Espíritos que foram encarnados como nós?

“Que foram ou que o serão.”

a) Pertencem esses Espíritos às ordens superiores ou às inferiores da hierarquia espírita?

“Isso é conforme seja mais ou menos material, mais ou menos inteligente o papel que desempenhem. Uns mandam, outros executam. Os que executam coisas materiais são sempre de ordem inferior, assim entre os Espíritos, como entre os homens.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IX – p. 263)

539. A produção de certos fenômenos, das tempestades, por exemplo, é obra de um só Espírito, ou muitos se reúnem, formando grandes massas, para produzi-los?

“Reúnem-se em massas inumeráveis.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IX – p. 263)

540. Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza operam com conhecimento de causa, usando do livre-arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido impulso?

“Uns sim, outros não. Estabeleçamos uma comparação. Considera essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Julgas que não há aí um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Entretanto, são animais de ínfima ordem que executam essas obras, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem, do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IX – p. 263-264)

MIRÍADE: quantidade indeterminada, porém considerada imensa. [Definição do Dicionário Online do Google]

561. São permanentes para cada um e estão nas atribuições exclusivas de certas classes as funções que os Espíritos desempenham na ordem das coisas?

“Todos têm que percorrer os diferentes graus da escala, para se aperfeiçoarem. Deus, que é justo, não poderia ter dado a uns a ciência sem trabalho, destinando outros a só a adquirirem com esforço.”

Nota – É o que sucede entre os homens, onde ninguém chega ao supremo grau de perfeição numa arte qualquer, sem que tenha adquirido os conhecimentos necessários, praticando os rudimentos dessa arte. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo X – p. 272)

563. São incessantes as ocupações dos Espíritos?

“Incessantes, sim, atendendo-se a que sempre ativos são os seus pensamentos, porquanto vivem pelo pensamento. Importa, porém, não identifiqueis as ocupações dos Espíritos com as ocupações materiais dos homens. Essa mesma atividade lhes constitui um gozo, pela consciência que têm de ser úteis.”

a) Concebe-se isto com relação aos bons Espíritos. Dar-se-á, entretanto, o mesmo com os Espíritos inferiores?

“A estes cabem ocupações apropriadas à sua natureza. Confiais, porventura, ao obreiro manual e ao ignorante trabalhos que só o homem instruído pode executar?” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –  Parte Segunda – Capítulo X –  p. 272)

1012. Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seus merecimentos?

“Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.”

a) De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?

“São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.”

Nota – A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Quarta – Capítulo II – p. 456)

124. Por que encontramos em certas pessoas, nascidas em condição servil, instintos de dignidade e grandeza, enquanto outras, nascidas nas classes superiores, só apresentam instintos de baixeza?

É uma reminiscência intuitiva da posição social que o Espírito já ocupou, e do seu caráter na existência precedente. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo III – p. 162)

361. Qual a origem das qualidades morais, boas ou más, do homem?

“São as do Espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse Espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem.”

a) Seguir-se-á daí que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem vicioso a de um Espírito mau?

“Sim, mas, dize antes que o homem vicioso é a encarnação de um Espírito imperfeito, pois, do contrário, poderias fazer crer na existência de Espíritos sempre maus, a que chamais demônios.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo VII – p. 198)

962. Como pode haver céticos, uma vez que a alma traz ao homem o sentimento das coisas espirituais?

“Eles são em número muito menor do que se julga. Muitos se fazem de espíritos fortes, durante a vida, somente por orgulho. No momento da morte, porém, deixam de ser tão fanfarrões.”

Nota – A responsabilidade dos nossos atos é a consequência da realidade da vida futura. Dizem-nos a razão e a justiça que, na partilha da felicidade a que todos aspiram, não podem estar confundidos os bons e os maus. Não é possível que Deus queira que uns gozem, sem trabalho, de bens que outros só alcançam com esforço e perseverança.

A ideia que, mediante a sabedoria de suas leis, Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade não nos permite acreditar que o justo e o mau estejam na mesma categoria a seus olhos, nem duvidar de que recebam, algum dia, um a recompensa, o castigo o outro, pelo bem ou pelo mal que tenham feito. Por isso é que o sentimento inato que temos da justiça nos dá a intuição das penas e recompensas futuras. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Quarta – Capítulo II – p. 432-433)

275. O poder e a consideração de que um homem gozou na Terra lhe dão supremacia no mundo dos Espíritos?

“Não; pois que os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. Lê os salmos.”

a) Como devemos entender essa elevação e esse rebaixamento?

“Não sabes que os Espíritos são de diferentes ordens, conforme seus méritos? Pois bem! O maior da Terra pode pertencer à última categoria entre os Espíritos, ao passo que o seu servo pode estar na primeira. Compreendes isto? Não disse Jesus: aquele que se humilhar será exalçado e aquele que se exalçar será humilhado?” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo VI – p. 176)

Podemos admirar-nos de ver o Espírito dos mais ilustres homens, daqueles aos quais mal ousaríamos falar em vida, responder ao apelo das mais vulgares criaturas. Isto não surpreenderá senão os que não conhecem a natureza do mundo espírita. Quem quer que o tenha estudado, sabe que a posição ocupada na Terra não dá ali nenhuma supremacia e que lá o poderoso talvez esteja abaixo do que foi o seu criado. Tal é o sentido das palavras de Jesus: “Os grandes serão humilhados e os pequenos serão exaltados”. E, ainda: “Aquele que se humilha será exaltado e aquele que se eleva será humilhado”. Assim, um Espírito pode não ocupar entre os seus semelhantes a posição que lhe atribuímos; mas se for verdadeiramente superior deve ter-se despojado de todo orgulho e de toda vaidade e, desde então, olha o sentimento e não as exterioridades. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Das relações com os Espíritos – p. 84-85)

274. Da existência de diferentes ordens de Espíritos, resulta para estes alguma hierarquia de poderes? Há entre eles subordinação e autoridade?

“Muito grande. Os Espíritos têm uns sobre os outros a autoridade correspondente ao grau de superioridade que hajam alcançado, autoridade que eles exercem por um ascendente moral irresistível.”

a) Podem os Espíritos inferiores subtrair-se à autoridade dos que lhes são superiores?

“Eu disse: irresistível.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo VI – p. 176)

[…]

“Demais, o ascendente que o homem pode exercer sobre os Espíritos está na razão da sua superioridade moral. Ele não domina os Espíritos superiores, nem mesmo os que, sem serem superiores, são bons e benevolentes, mas pode dominar os que lhe são inferiores em moralidade.” (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIII – p. 270)

O grau de superioridade ou de inferioridade dos Espíritos indica naturalmente o tom que com eles devemos manter. É evidente que quanto mais elevados, tanto mais fazem jus ao nosso respeito, à nossa consideração e à nossa submissão. Não lhes devemos testemunhar menos deferência do que lhes faríamos em vida; mas por outros motivos. Se na Terra o considerávamos pela posição social, no mundo dos Espíritos nosso respeito só se dirige à superioridade moral. Sua própria elevação os coloca acima das puerilidades de nossas formas de adulação. Não será pelas palavras que lhes captaremos a benevolência, mas pela sinceridade dos sentimentos. Seria, pois, ridículo lhes dar títulos que os nossos costumes consagram à distinção das classes e que, em vida lhes teria talvez lisonjeado a vaidade. Se forem realmente superiores, não só não ligam importância, mas sentirão desagrado. Um bom pensamento lhes é mais agradável que os mais lisonjeiros epítetos. Do contrário não estariam acima da humanidade. O Espírito de um venerável eclesiástico, que na Terra foi um príncipe da Igreja, homem de bem e praticante da lei de Jesus, respondeu um dia a alguém que o evocava, dando-lhe o título de Monsenhor: “Devias dizer ao menos ex-monsenhor, porque aqui só Deus é Senhor. Fica sabendo que aqui encontro criaturas que na Terra se prosternavam à minha frente e diante das quais eu mesmo me inclino”. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Da relação com os Espíritos – p. 85)

EPÍTETO: qualificação elogiosa ou injuriosa dada a alguém; alcunha, qualificativo. [Definição do Dicionário Online do Google]

463. Diz-se comumente ser sempre bom o primeiro impulso. É exato?

“Pode ser bom ou mau, conforme a natureza do Espírito encarnado. É sempre bom naquele que atende às boas inspirações.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IX – p. 239)

464. Como distinguirmos se um pensamento sugerido procede de um bom Espírito ou de um Espírito mau?

“Estudai o caso. Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Compete-vos discernir.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IX – p. 239)

267. […]

7º) Os bons Espíritos só dizem o que sabem; calam-se ou confessam a sua ignorância sobre o que não sabem. Os maus falam de tudo com desassombro, sem se preocuparem com a verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom senso, aponta a fraude, desde que o Espírito se dê por ser um Espírito esclarecido. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 281)

40. Os Espíritos superiores não se ocupam senão de comunicações inteligentes que nos instruam; as manifestações físicas ou puramente materiais são, mais especialmente, obra dos Espíritos inferiores, vulgarmente designados sob o nome de Espíritos batedores, como, entre nós, as provas de grande força são executadas por saltimbancos, e não por sábios. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo II – p. 134)

36. Da diversidade de qualidades e aptidões dos Espíritos, resulta que não basta dirigirmo-nos a um Espírito qualquer para obtermos uma resposta segura a qualquer questão; porque, acerca de muitas coisas, ele não nos pode dar mais que a sua opinião pessoal, a qual pode ser justa ou errônea. Se ele é prudente, não deixará de confessar sua ignorância sobre o que não conhece; se é frívolo ou mentiroso, responderá de qualquer forma, sem se importar com a verdade; se é orgulhoso, apresentará suas ideias como verdades absolutas.

É por isso que João, o Evangelista, diz:

“Não creais em todos os Espíritos, mas examinai se eles são de Deus.”

A experiência demonstra a sabedoria desse conselho. Há imprudência e leviandade em aceitar sem exame tudo o que vem dos Espíritos. É de necessidade que bem conheçamos o caráter daqueles que estão em relação conosco.

37. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica e isenta de contradições; nela se respira a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral; ela é concisa e despida de redundâncias. Na dos Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vácuo das ideias é quase sempre preenchido pela abundância de palavras. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo II –  p. 133)

10º Reconhecem-se a superioridade ou a inferioridade dos Espíritos pela linguagem que usam; os bons só aconselham o bem e só dizem coisas proveitosas; tudo neles lhes atesta a elevação; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Primeira Parte – Capítulo IV – p. 58)

27. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de contradições; anuncia a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral; é concisa e sem palavras inúteis. Entre os Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vazio das ideias, quase sempre, é compensado pela abundância das palavras. Todo pensamento evidentemente falso, toda a máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda marca de malevolência, de presunção ou de arrogância, são sinais incontestáveis de inferioridade em um Espírito. (Allan Kardec – Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas – Manifestações dos Espíritos – p. 15)

A linguagem revela sempre a sua origem, quer pelo pensamento que traduz, quer pela forma que o reveste; assim, mesmo que um Espírito nos quisesse iludir quanto à sua pretensa superioridade, basta conversar um pouco com ele para lhe conhecer o estofo. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Comunicações espíritas – p. 52)

ESTOFO: tecido encorpado de algodão, lã, seda etc. us. em decoração, como tapete, para cobrir assentos etc.; estofa. [Definição do Dicionário Online do Google]

Ora, o Espiritismo diz expressamente que os papéis indignos não cabem aos Espíritos superiores, como se infere dos seguintes preceitos:

13. A categoria do Espírito se reconhece por sua linguagem: os verdadeiramente bons e superiores têm-na sempre digna, nobre, lógica, imune de qualquer contradição; ressumbra sabedoria, modéstia, benevolência e a mais pura moral.

Além disso é concisa, clara, sem redundâncias inúteis. Os Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, é que suprem a vacuidade das ideias com abundância de frases. Todo pensamento implicitamente falso, toda máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, qualquer sinal de malevolência, de presunção ou de arrogância, são indícios incontestáveis da inferioridade de um Espírito. (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Primeira Parte – Capítulo X – p. 131)

263. […] Pode estabelecer-se como regra invariável e sem exceção que — a linguagem dos Espíritos está sempre em relação com o grau de elevação a que já tenham chegado. Os Espíritos realmente superiores não só dizem unicamente coisas boas, como também as dizem em termos isentos, de modo absoluto, de toda trivialidade. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 278)

Toda manifestação que revela uma intenção ou uma vontade é, por isso mesmo, conforme dissemos, inteligente num grau qualquer. É, pois, uma qualificação genérica, que distingue essas espécies de manifestações daquelas puramente materiais. Quando o desenvolvimento dessa inteligência permite uma troca continuada de ideias, obtêm-se comunicações regulares, cujo caráter permite julgar o Espírito que se manifesta. Segundo sua natureza e seu objetivo, serão elas frívolas, grosseiras, ou instrutivas. Esta distinção é de grande importância, porque é por ela que os Espíritos nos revelam a sua superioridade ou a sua inferioridade. Conhecem-se os homens por sua linguagem: dá-se o mesmo com os Espíritos. Ora, quem quer que esteja bem compenetrado das qualidades distintivas de cada uma das classes da escala espírita, poderá sem dificuldade assinar a cada Espírito que se apresenta a classe que lhe convém, bem como o grau de estima e de confiança que merece. Se a experiência não viesse em apoio a esse princípio, bastaria o simples bom senso para o demonstrar. Assim, estabelecemos como regra invariável e sem exceção que a linguagem dos Espíritos sempre está na razão de seu grau de elevação. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Comunicações espíritas – p. 52)

25. As comunicações inteligentes, que se recebem dos Espíritos, podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou levianas, segundo a natureza dos Espíritos que se manifestam. Os que provam a sabedoria e o saber são Espíritos avançados que progrediram; os que provam a ignorância e as más qualidades são Espíritos ainda atrasados, mas que progredirão com o tempo.

Os Espíritos não podem responder senão sobre o que sabem, segundo seu adiantamento, e, ademais, sobre o que lhes é permitido dizerem, porque há coisas que não devem revelar, uma vez que ainda não é dado ao homem tudo conhecer. (Allan Kardec – Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas – Manifestação dos Espíritos – p. 14)

267. […] 

4º) Os Espíritos superiores usam sempre de uma linguagem digna, nobre, elevada, sem eiva de trivialidade; tudo dizem com simplicidade e modéstia, jamais se vangloriam, nem se jactam de seu saber, ou da posição que ocupam entre os outros. A dos Espíritos inferiores ou vulgares sempre algo refletem das paixões humanas. Toda expressão que denote baixeza, pretensão, arrogância, fanfarronice, acrimônia é indício característico de inferioridade e de embuste, se o Espírito se apresenta com um nome respeitável e venerado. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 280)

EIVA: fenda, greta, rachadura em vidro, cerâmica ou porcelana. [Definição do Dicionário Online do Google]

JACTÂNCIA: atitude de alguém que se manifesta com arrogância e tem alta opinião de si mesmo; vaidade, orgulho, arrogância. [Definição do Dicionário Online do Google]

ACRIMÔNIA: estado ou qualidade do que é acre, azedo; acridão, acridez, acritude. [Definição do Dicionário Online do Google]

267. […]

9º) Os Espíritos superiores se exprimem com simplicidade, sem prolixidade. Têm o estilo conciso, sem exclusão da poesia das ideias e das expressões, claro, inteligível a todos, sem demandar esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque cada palavra é empregada com exatidão. Os Espíritos inferiores, ou falsos sábios, ocultam sob o empolamento, ou a ênfase, o vazio de suas ideias. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula ou obscura, à força de quererem pareça profunda. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 281)

PROLIXO: que usa palavras em demasia ao falar ou escrever; que não sabe sintetizar o pensamento. [Definição do Dicionário Online do Google]

EMPOLAR: tornar(-se) pomposo, exagerado. [Definição do Dicionário Online do Google]

267. […]

8º) Reconhecem-se ainda os Espíritos levianos pela facilidade com que predizem o futuro e precisam fatos materiais de que não nos é dado ter conhecimento. Os bons Espíritos fazem que as coisas futuras sejam pressentidas, quando esse pressentimento convenha; nunca, porém, determinam datas. A previsão de qualquer acontecimento para uma época determinada é indício de mistificação. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 281)

29. Seria fazer uma ideia bem falsa dos Espíritos, vendo neles apenas os auxiliares dos ledores de sorte; os Espíritos sérios recusam-se ocupar de coisas fúteis; os Espíritos levianos e zombeteiros se ocupam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se inquietarem com a verdade, e sentem um prazer maligno ao mistificarem as pessoas muito crédulas; é por isso que é essencial estar perfeitamente fixado sobre a natureza das perguntas que se podem dirigir aos Espíritos. (Allan Kardec – Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas – Manifestações dos Espíritos – p. 16)

267. […]

10º) Os bons Espíritos nunca ordenam; não se impõem, aconselham e, se não são escutados, retiram-se. Os maus são imperiosos; dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam, haja o que houver. Todo Espírito que impõe trai a sua inferioridade. São exclusivistas e absolutos em suas opiniões; pretendem ter o privilégio da verdade. Exigem crença cega e jamais apelam para a razão, por saberem que a razão os desmascararia. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 281)

267. […]

11º) Os bons Espíritos não lisonjeiam; aprovam o bem que é feito, mas sempre com reserva. Os maus prodigalizam exagerados elogios, estimulam o orgulho e a vaidade, mesmo pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles a quem desejam captar. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 281)

267. […]

12º) Os Espíritos superiores desprezam, em tudo, as puerilidades da forma. Só os Espíritos vulgares ligam importância a particularidades mesquinhas, incompatíveis com ideias verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é sinal certo de inferioridade e de fraude, da parte de um Espírito que tome um nome imponente. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 281)

267. […]

15º) Os bons Espíritos são muito escrupulosos no tocante às atitudes que hajam de aconselhar. Elas, qualquer que seja o caso, nunca deixam de objetivar um fim sério e eminentemente útil. Devem, pois, ter-se por suspeitas todas as que não apresentam este caráter, ou sejam condenáveis perante a razão, e cumpre refletir maduramente antes de tomá-las, a fim de evitarem-se mistificações desagradáveis. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 282)

O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, primeiramente, a revolta contra Deus, pela negação da Providência e de qualquer poder acima da Humanidade; depois, pela propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternais do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância de apego a tudo o que é material. (Allan Kardec – Obras Póstumas – A minha primeira iniciação no  Espiritismo – p. 391)

100. […] Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o espírito e pela propensão para o mal. Os da segunda se caracterizam pela predominância do espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos. A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 92)

101. [Sobre a terceira ordem – Espíritos imperfeitos] Caracteres gerais. – Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são consequentes.

Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.

Nem todos são essencialmente maus. Em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade. Uns não fazem o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo.

A inteligência pode achar-se neles aliada à maldade ou à malícia; seja, porém, qual for o grau que tenham alcançado de desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas e mais ou menos abjetos seus sentimentos.

Restritos conhecimentos têm das coisas do mundo espírita e o pouco que sabem se confunde com as ideias e preconceitos da vida corporal. Não nos podem dar mais do que noções errôneas e incompletas; entretanto, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas, o observador atento encontra a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores.

Na linguagem de que usam se lhes revela o caráter. Todo Espírito que, em suas comunicações, trai um mau pensamento, pode ser classificado na terceira ordem. Conseguintemente, todo mau pensamento que nos é sugerido vem de um Espírito desta ordem. Eles veem a felicidade dos bons e esse espetáculo lhes constitui incessante tormento, porque os faz experimentar todas as angústias que a inveja e o ciúme podem causar.

Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea e essa impressão é muitas vezes mais penosa do que a realidade. Sofrem, pois, verdadeiramente, pelos males de que padeceram em vida e pelos que ocasionam aos outros. E, como sofrem por longo tempo, julgam que sofrerão para sempre. Deus, para puni-los, quer que assim julguem.

Podem compor cinco classes principais. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 93-94)

ABJETO: que ou o que é desprezível, baixo, ignóbil. [Definição do Dicionário Online do Google]

147. Se Deus está em toda parte, por que nem todos os Espíritos podem vê-lo?

Deus está em toda parte, porque em toda parte Ele irradia, podendo dizer-se que o universo está mergulhado na divindade, como nós o estamos na luz solar; os Espíritos atrasados, porém, estão envolvidos numa espécie de nevoeiro que o oculta a seus olhos, e que se não dissipa senão à medida que eles se desmaterializam e se purificam. Os Espíritos inferiores são, pela vista, em relação a Deus, o que os encarnados são em relação aos Espíritos: verdadeiros cegos. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo III – p. 170)

38. Os Espíritos inferiores são, mais ou menos, ignorantes; seu horizonte moral é limitado, perspicácia restrita; eles não têm das coisas senão uma ideia muitas vezes falsa e incompleta, e, além disso, conservam-se ainda sob o império dos prejuízos terrestres, que eles tomam, às vezes, por verdades; por isso, são incapazes de resolver certas questões. E podem induzir-nos em erro, voluntária ou involuntariamente, sobre aquilo que nem eles mesmos compreendem. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo II – p. 134)

362. Qual o caráter dos indivíduos em que encarnam Espíritos desassisados e levianos?

“São indivíduos estúrdios, maliciosos e, não raro, criaturas malfazejas.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo VII – p. 198)

DESASSISADO: que ou quem não tem siso, juízo; desatinado, dessisudo, desvairado, doido. [Definição do Dicionário Online do Google]

75. […] Os maus Espíritos são aqueles que ainda não foram tocados de arrependimento; que se deleitam no mal e nenhum pesar por isso sentem; que são insensíveis às reprimendas, repelem a prece e muitas vezes blasfemam do nome de Deus. São essas almas endurecidas que, após a morte, se vingam nos homens dos sofrimentos que suportam, e perseguem com o seu ódio aqueles a quem odiaram durante a vida, quer obsidiando-os, quer exercendo sobre eles qualquer influência funesta. (003 – Capítulo XXVIII – p. 363)

141. Por que, no meio das sociedades civilizadas, se mostram seres de ferocidade comparável à dos mais bárbaros selvagens?

São Espíritos muito inferiores, saídos das raças bárbaras, que experimentam reencarnar em meio que não é o seu, e onde estão deslocados, como estaria um rústico colocado de repente numa cidade adiantada.

Observação – Não é possível admitir-se, sem negar a Deus os atributos de bondade e justiça, que a alma do criminoso endurecido tenha, na vida atual, o mesmo ponto de partida que a de um homem cheio de virtudes.

Se a alma não é anterior ao corpo, a do criminoso e a do homem de bem são tão novas uma como a outra; por que razão, então, uma delas é boa e a outra má? (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo III – p.167)

742. Que é o que impele o homem à guerra?

“Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem — o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a sente necessária.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo VI p. 339-340)

20. […] 

[…] Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Primeira Parte – Capítulo IX – p. 119)

752. Poder-se-á ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?

“É o instinto de destruição no que tem de pior, porquanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo VI – p. 341)

753. Por que razão a crueldade forma o caráter predominante dos povos primitivos?

“Nos povos primitivos, como lhes chamas, a matéria prepondera sobre o Espírito. Eles se entregam aos instintos do bruto e, como não experimentam outras necessidades além das da vida do corpo, só da conservação pessoal cogitam e é o que os torna, em geral, cruéis. Ademais, os povos de imperfeito desenvolvimento se conservam sob o império de Espíritos também imperfeitos, que lhes são simpáticos, até que povos mais adiantados venham destruir ou enfraquecer essa influência.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo VI – p. 341)

755. Como pode dar-se que, no seio da mais adiantada civilização, se encontrem seres às vezes tão cruéis quanto os selvagens?

“Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram verdadeiros abortos. São, se quiseres, selvagens que da civilização só têm o exterior, lobos extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados, na esperança de também se adiantarem, mas desde que a prova é por demais pesada predomina a natureza primitiva.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo VI – p. 342)

75. […] 

Duas categorias há bem distintas de Espíritos perversos: a dos que são francamente maus e a dos hipócritas. Infinitamente mais fácil é reconduzir ao bem os primeiros do que os segundos. Aqueles, as mais das vezes, são naturezas brutas e grosseiras, como se nota entre os homens; praticam o mal mais por instinto do que por cálculo e não procuram passar por melhores do que são. Há neles, entretanto, um gérmen latente que é preciso fazer desabrochar, o que se consegue quase sempre por meio da perseverança, da firmeza aliada à benevolência, dos conselhos, do raciocínio e da prece. Por meio da mediunidade, a dificuldade que eles encontram para escrever o nome de Deus é sinal de um temor instintivo, de uma voz íntima da consciência que lhes diz serem indignos de fazê-lo. Nesse ponto estão a pique de converter-se e tudo se pode esperar deles: basta se lhes encontre o ponto vulnerável do coração.

Os Espíritos hipócritas quase sempre são muito inteligentes, mas nenhuma fibra sensível possuem no coração; nada os toca; simulam todos os bons sentimentos para captar a confiança, e felizes se sentem quando encontram tolos que os aceitam como santos Espíritos, pois que possível se lhes torna governá-los à vontade. O nome de Deus, longe de lhes inspirar o menor temor, serve-lhes de máscara para encobrirem suas torpezas. No mundo invisível, como no mundo visível, os hipócritas são os seres mais perigosos, porque atuam na sombra, sem que ninguém disso desconfie; têm apenas as aparências da fé, mas fé sincera, jamais. (003 – Capítulo XXVIII – p. 363-364)

[Criminosos Arrependidos – O Espírito de Castelnaudary]

6. Donde vinha esse Espírito antes da sua encarnação?

— R. Tivera uma existência entre tribos das mais ferozes e selvagens, e, precedentemente, em planeta inferior à Terra.

7. Severamente punido agora por esse crime, sê-lo-ia igualmente pelos que porventura tivesse cometido, como é de supor, quando vivendo entre selvagens?

— R. Sim, porém não tanto, visto como, em ser mais ignorante, menos alcançava a extensão do delito.

8. O estado em que se vê esse Espírito é o dos seres vulgarmente designados por danados?

— R. Absolutamente não, pois há condições ainda mais horrorosas. Os sofrimentos estão longe de ser os mesmos para todos, variando conforme seja o culpado mais ou menos acessível ao arrependimento. Para este, aquela casa é o seu inferno, outros trazem esse inferno em si mesmos, pelas paixões que os atormentam sem que possam saciá-las. (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Segunda Parte – Capítulo VI – p. 304)

669. […]

“[…] Nos povos primitivos, a matéria sobrepuja o espírito; eles se entregam aos instintos do animal selvagem. Por isso é que, em geral, são cruéis; é que neles o senso moral ainda não se acha desenvolvido. […]” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo II – p. 312)

997. Veem-se Espíritos, de notória inferioridade, acessíveis aos bons sentimentos e sensíveis às preces que por eles se fazem. Como se explica que outros Espíritos, que devêramos supor mais esclarecidos, revelem um endurecimento e um cinismo, dos quais coisa alguma consegue triunfar?

“A prece só tem efeito sobre o Espírito que se arrepende. Com relação aos que, impelidos pelo orgulho, se revoltam contra Deus e persistem nos seus desvarios, chegando mesmo a exagerá-los, como o fazem alguns desgraçados Espíritos, a prece nada pode e nada poderá, senão no dia em que um clarão de arrependimento se produza neles.”

Nota – Não se deve perder de vista que o Espírito não se transforma subitamente, após a morte do corpo. Se viveu vida condenável, é porque era imperfeito. Ora, a morte não o torna imediatamente perfeito. Pode, pois, persistir em seus erros, em suas falsas opiniões, em seus preconceitos, até que se haja esclarecido pelo estudo, pela reflexão e pelo sofrimento. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Quarta – Capítulo II – p. 445)

CINISMO: atitude ou caráter de pessoa que revela descaso pelas convenções sociais e pela moral vigente; impudência, desfaçatez, descaramento. [Definição do Dicionário Online do Google] 

970. Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?

“São tão variados como as causas que os determinam e proporcionados ao grau de inferioridade, como os gozos o são ao de superioridade. Podem resumir-se assim: Invejarem o que lhes falta para ser felizes e não obterem; verem a felicidade e não na poderem alcançar; pesar, ciúme, raiva, desespero, motivados pelo que os impede de ser ditosos; remorsos, ansiedade moral indefinível. Desejam todos os gozos e não os podem satisfazer: eis o que os tortura.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Quarta – Capítulo II – p. 436)

DEMÔNIO – do lat. daemo; do gr. daimon, gênio, sorte, destino, manes. Daemones, tanto em latim quanto em grego, se diz de todos os seres incorpóreos, bons ou maus e supostamente com conhecimentos e poderes superiores aos do homem. Nas línguas modernas o vocábulo é geralmente tomado em sentido pejorativo e sua acepção se restringe aos gênios do mal. Conforme a crença vulgar, os demônios são seres essencialmente maus por natureza. Ensinam-nos os Espíritos que Deus, sendo soberanamente bom e justo, não poderia ter criado seres votados ao mal e infelizes por toda a eternidade. Conforme eles, não há demônios, no sentido absoluto e restrito do vocábulo: existem apenas Espíritos imperfeitos, podendo todos melhorar-se pelos próprios esforços e por sua própria vontade. Os Espíritos da nona classe seriam os verdadeiros demônios, se este vocábulo não implicasse a ideia de uma natureza perpetuamente má. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário Espírita – p. 12)

[Terceira ordem – Espíritos imperfeitos]

102. Décima classe. Espíritos impuros. – São inclinados ao mal, de que fazem o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos pérfidos, sopram a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as maneiras para melhor enganar. Ligam-se aos homens de caráter bastante fraco para cederem às suas sugestões, a fim de induzi-los à perdição, satisfeitos com o conseguirem retardar-lhes o adiantamento, fazendo-os sucumbir nas provas por que passam.

Nas manifestações, os Espíritos se dão a conhecer pela linguagem. A trivialidade e a grosseria das expressões, neles, como nos homens, é sempre indício de inferioridade moral, mas também intelectual. Suas comunicações exprimem a baixeza de seus pendores e, se tentam iludir, falando com sensatez, não conseguem sustentar por muito tempo o papel e acabam sempre por se traírem.

Alguns povos os arvoraram em divindades maléficas; outros os designam pelos nomes de demônios, maus gênios, Espíritos do mal.

Quando encarnados, os seres vivos que eles constituem se mostram propensos a todos os vícios geradores das paixões vis e degradantes: a sensualidade, a crueldade, a felonia, a hipocrisia, a cupidez, a avareza sórdida. Fazem o mal por prazer, as mais das vezes sem motivo, e, por ódio ao bem, quase sempre escolhem suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos para a Humanidade, pouco importando a categoria social a que pertençam, e o verniz da civilização não os forra ao opróbrio e à ignomínia. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 94)

PÉRFIDO: que falta à fé jurada; desleal, traidor. [Definição do Dicionário Online do Google]

ARVORAR: elevar (alguém ou a si mesmo) a nível de maior importância; converter em. [Definição do Dicionário Online do Google]

OPRÓBRIO: grande desonra pública; degradação social; ignomínia, vergonha, vexame. [Definição do Dicionário Online do Google]

[Terceira ordem – Espíritos imperfeitos]

103. Nona classe. Espíritos levianos. – São ignorantes, maliciosos, irrefletidos e zombeteiros. Metem-se em tudo, a tudo respondem, sem se incomodarem com a verdade. Gostam de causar pequenos desgostos e ligeiras alegrias, de intrigar, de induzir maldosamente em erro, por meio de mistificações e de espertezas. A esta classe pertencem os Espíritos vulgarmente tratados de duendes, trasgos, gnomos, diabretes. Acham-se sob a dependência dos Espíritos superiores, que muitas vezes os empregam, como fazemos com os nossos servidores.

Em suas comunicações com os homens, a linguagem de que se servem é, amiúde, espirituosa e faceta, mas quase sempre sem profundeza de ideias. Aproveitam-se das esquisitices e dos ridículos humanos e os apreciam, mordazes e satíricos. Se tomam nomes supostos, é mais por malícia do que por maldade. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 94-95)

TRASGO: demônio caseiro que supostamente derruba objetos, móveis, louças, vidros, faz ruídos e outras diabruras; duende, fradinho da mão furada. [Definição do Dicionário Online do Google]

[Terceira ordem – Espíritos imperfeitos]

104. Oitava classe. Espíritos pseudossábios. – Dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém, crêem saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo dos preconceitos e ideias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais absurdos, nos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não puderam despir-se. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 95)

[Terceira ordem – Espíritos imperfeitos]

105. Sétima classe. Espíritos neutros. – Nem bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal. Pendem tanto para um como para o outro e não ultrapassam a condição comum da Humanidade, quer no que concerne ao moral, quer no que toca à inteligência. Apegam-se às coisas deste mundo, de cujas grosseiras alegrias sentem saudades. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 95)

[Terceira ordem – Espíritos imperfeitos]

106. Sexta classe. Espíritos batedores e perturbadores. – Estes Espíritos, propriamente falando, não formam uma classe distinta pelas suas qualidades pessoais. Podem caber em todas as classes da terceira ordem. Manifestam geralmente sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como pancadas, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar etc. Afiguram-se, mais do que outros, presos à matéria. Parecem ser os agentes principais das vicissitudes dos elementos do Globo, quer atuem sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros, quer nas entranhas da terra. Reconhece-se que esses fenômenos não derivam de uma causa fortuita ou física, quando denotam caráter intencional e inteligente. Todos os Espíritos podem produzir tais fenômenos, mas os de ordem elevada os deixam, de ordinário, como atribuições dos subalternos, mais aptos para as coisas materiais do que para as coisas da inteligência; quando julgam úteis as manifestações desse gênero, lançam mão destes últimos como seus auxiliares. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –  Parte Segunda – Capítulo I – p. 95-96)

ESPÍRITO BATEDOR – aquele que manifesta sua presença por meio de batidas. Pertencem eles às classes inferiores. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário Espírita – p. 14)

99. Os da terceira ordem são todos essencialmente maus?

“Não; uns há que não fazem nem o mal nem o bem; outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando se lhes depara ocasião de praticá-lo. Há também os levianos ou estouvados, mais perturbadores do que malignos, que se comprazem antes na malícia do que na malvadez e cujo prazer consiste em mistificar e causar pequenas contrariedades, de que se riem.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 90)

ESTOUVADO: que ou aquele que é imprudente, leviano, inconsequente. [Definição do Dicionário Online do Google]

13. […] 

[…] os Espíritos inferiores são mais ou menos ignorantes, tendo muito limitados o seu horizonte moral e perspicácia, de feição a terem das coisas uma ideia muita vez falsa e incompleta, incapazes de resolver certas questões […].  (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Primeira Parte – Capítulo X – p. 132)

38. Os Espíritos inferiores são, mais ou menos, ignorantes; seu horizonte moral é limitado, perspicácia restrita; eles não têm das coisas senão uma ideia muitas vezes falsa e incompleta, e, além disso, conservam-se ainda sob o império dos prejuízos terrestres, que eles tomam, às vezes, por verdades; por isso, são incapazes de resolver certas questões. E podem induzir-nos em erro, voluntária ou involuntariamente, sobre aquilo que nem eles mesmos compreendem. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo II – p. 134)

39. Os Espíritos inferiores não são todos, por isso, essencialmente maus; alguns há que são apenas ignorantes e levianos; outros pilhéricos, espirituosos e divertidos, sabendo manejar a sátira fina e mordaz. Ao lado desses encontram-se, no mundo espiritual, como na Terra, todos os gêneros de perversidade e todos os graus de superioridade intelectual e moral. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo II – p. 134)

PILHÉRIA: que faz ironias, chistes; zombeteiro. [Definição do Dicionário Online do Google]

Pelo fato de não pertencer a uma ordem superior nem sempre um Espírito é mau: por vezes é apenas leviano. Se nos divertirmos com suas facécias, ele as multiplicará de bom grado e nos dará entrada para o sal dos epigramas que não nos assentam bem e, sob uma forma jovial muitas vezes nos dão lições picantes. São os vaudevilistas [alguém que produz um entretenimento fraco] do mundo espírita, assim como os Espíritos superiores são os seus cientistas e filósofos. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas -Influência do meio nas manifestações – p. 77)

FACÉCIAS: dito chistoso; chacota, gracejo, pilhéria. [Definição do Dicionário Online do Google]

EPIGRAMA: composição poética, breve e satírica, que expressa, de forma incisiva, um pensamento ou um conceito malicioso; sátira. [Definição do Dicionário Online do Google]

VAUDEVILLE: Comédia ligeira, baseada na intriga e no equívoco. [Definição do Dicio, Dicio – Dicionário Online de Português]

[…] Não há culpados que se não possam regenerar por meio da persuasão e do exemplo, visto como os Espíritos, por mais perversos, acabam por corrigir-se com o tempo. O fato de muitas vezes ser impossível regenerá-los prontamente, não importa na inutilidade de tais esforços. Mesmo a contragosto, as ideias sugeridas a tais Espíritos fazem-nos refletir. São como sementes que, cedo ou tarde, tivessem de frutificar. Não se arrebenta a pedra com a primeira marretada.

[…]

Nota – Entre os Espíritos endurecidos, não há só perversos e maus. Grande é o número dos que, sem fazer o mal, estacionam por orgulho, indiferença ou apatia. Estes, nem por isso, são menos infelizes, pois tanto mais os aflige a inércia quanto mais se veem privados das mundanas compensações.

Intolerável, por certo, se lhes torna a perspectiva do infinito, porém eles não têm nem a força nem a vontade para romper com essa situação. Referimo-nos a esses indivíduos que levam uma existência ociosa, inútil a si como ao próximo, acabando muita vez no suicídio, sem motivos sérios, por aborrecimento da vida.

Em regra, tais Espíritos são menos passíveis de imediata regeneração, do que os positivamente maus, visto como estes ao menos dispõem de energia, e, uma vez doutrinados, votam-se ao bem com o mesmo ardor que lhes inspirava o mal.

Aos outros, muitas encarnações se fazem precisas para que progridam, e isto pouco a pouco, domados pelo tédio, procurando, para se distraírem, qualquer ocupação que mais tarde venha transformar-se em necessidade. (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Segunda Parte – Capítulo VII – p. 335-336)

6. […] 

Outrora, sacrificavam-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal, e sim também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles. É assim que o mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais. (003 – Capítulo XII – p. 168-169)

[…] Regra geral: O Espírito é tanto menos perfeito quanto menos desprendido da matéria. Toda vez, pois, que se reconhece nele a persistência das ideias falsas que o preocupavam em vida, sejam elas de ordem física ou de ordem moral, temos um sinal infalível de que ele não está completamente desmaterializado. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Comunicações espíritas – p. 53)

73. […] Fora injusto incluir na categoria dos Espíritos maus os sofredores e penitentes que pedem preces. Podem eles ter sido maus, porém, já não o são, desde que reconhecem suas faltas e as deploram; são apenas infelizes. Já alguns começam mesmo a gozar de relativa felicidade. (003 – Capítulo XXVIII – p. 362)

Impossível, dir-se-á, destruir o orgulho e o egoísmo, porque são vícios inerentes à espécie humana. Se fosse assim, houvéramos de desesperar de todo progresso moral; entretanto, desde que se considere o homem nas diferentes épocas transcorridas, não há negar que evidente progresso se efetuou. Ora, se ele progrediu, ainda naturalmente progredirá. Por outro lado, não se encontrará homem nenhum sem orgulho, nem egoísmo? Não se vêem, ao contrário, criaturas de índole generosa, em quem parecem inatos os sentimentos do amor ao próximo, da humildade, do devotamento e da abnegação? O número delas, positivamente, é menor do que o dos egoístas; se assim não fosse, não seriam estes últimos os fautores da lei. Há muito mais criaturas dessas do que se pensa e, se parecem tão pouco numerosas, é porque o orgulho se põe em evidência, ao passo que a virtude modesta se conserva na obscuridade. (Allan Kardec – Obras Póstumas – O egoísmo  e o orgulho – p. 279-280)

FAUTOR: que ou o que favorece. [Definição do  Dicionário Online do Google]

144. […] O termo alma é tão elástico que cada um o interpreta ao sabor de suas fantasias. Também à Terra hão atribuído uma alma. Por alma da Terra se deve entender o conjunto dos Espíritos abnegados, que dirigem para o bem as vossas ações, quando os escutais, e que, de certo modo, são os lugares-tenentes de Deus com relação ao vosso planeta.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo II – p. 109)

967. Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?

“Em conhecerem todas as coisas; em não sentirem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que ocasionam a desgraça dos homens. O amor que os une lhes é fonte de suprema felicidade. Não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes pelo bem que fazem. Contudo, a felicidade dos Espíritos é proporcional à elevação de cada um. Somente os puros Espíritos gozam, é exato, da felicidade suprema, mas nem todos os outros são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus em que os gozos são relativos ao estado moral. Os que já estão bastante adiantados compreendem a ventura dos que os precederam e aspiram a alcançá-la, mas esta aspiração lhes constitui uma causa de emulação, não de ciúme. Sabem que deles depende o consegui-la e para a conseguirem trabalham, porém com a calma da consciência tranquila e ditosos se consideram por não terem que sofrer o que sofrem os maus.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Quarta – Capítulo II – p. 434-435)

EMULAR: procurar emparelhar(-se), imitar, seguir o exemplo de. [Definição do Dicionário Online do  Google]

968. Citais, entre as condições da felicidade dos bons Espíritos, a ausência das necessidades materiais; mas a satisfação dessas necessidades não representa para o homem uma fonte de gozos?

“Sim, gozos do animal. Quando não podes satisfazer a essas necessidades, passas por uma tortura.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Quarta – Capítulo II – p. 435)

264. A bondade e a afabilidade são atributos essenciais dos Espíritos depurados. Não têm ódio, nem aos homens, nem aos outros Espíritos. Lamentam as fraquezas, criticam os erros, mas sempre com moderação, sem fel e sem animosidade. Admita-se que os Espíritos verdadeiramente bons não podem querer senão o bem e dizer senão coisas boas e se concluirá que tudo o que denote, na linguagem dos Espíritos, falta de bondade e de benignidade não pode provir de um bom Espírito. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 278-279)

A bondade e a benevolência ainda são atributos essenciais dos Espíritos depurados: não têm ódio aos homens, nem aos outros Espíritos; lamentam as fraquezas, criticam os erros, mas sempre com moderação, sem azedume nem animosidade. Isto quanto à moral. Podemos igualmente julgá-las pela natureza de sua inteligência. Um Espírito pode ser bom, benevolente, só ensinar o bem e ter conhecimentos limitados, porque nele o desenvolvimento ainda é incompleto. Não falamos dos Espíritos notoriamente inferiores: com estes seria uma perda de tempo pedir explicações sobre certas coisas; seria o mesmo que perguntar a um colegial o que pensa de Aristóteles ou do sistema do universo. Mas alguns há que, sob certos pontos de vista, parecem esclarecidos, ao passo que sobre outras questões acusam uma ignorância absoluta pelas mais absurdas heresias científicas. Este raciocinará muito sensatamente sobre um ponto, mas será desarrazoado sobre outro. É ainda como entre nós: um astrônomo é sábio no que concerne aos astros e pode ser muito ignorante em arquitetura, em música, em pintura, em agricultura, etc. Evidentemente tudo isto denota um desenvolvimento imperfeito, o que não quer dizer que se trate de um Espírito mau. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Comunicações espíritas – p. 53)

DESARRAZOADO: não racional; dominado pela emoção. [Definição do Dicionário Online do Google] 

15. […] O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. (003 – Capítulo X – p. 148)

507. Pertencem todos os Espíritos protetores à classe dos Espíritos elevados? Podem contar-se entre os de classe média? Um pai, por exemplo, pode tornar-se o Espírito protetor de seu filho?

“Pode, mas a proteção pressupõe certo grau de elevação e um poder ou uma virtude a mais, concedidos por Deus. O pai, que protege seu filho, também pode ser assistido por um Espírito mais elevado.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IX – p. 252)

98. Os Espíritos da segunda ordem, para os quais o bem constitui a preocupação dominante, têm o poder de praticá-lo?

“Cada um deles dispõe desse poder, de acordo com o grau de perfeição a que chegou. Assim, uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Todos, porém, ainda têm que sofrer provas.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 90)

107. [Sobre a segunda ordem – Bons Espíritos] Caracteres gerais. – Predominância do Espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e poderes para o bem estão em relação com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns têm a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais. Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam mais ou menos, conforme a categoria que ocupem, os traços da existência corporal, assim na forma da linguagem, como nos hábitos, entre os quais se descobrem mesmo algumas de suas manias. De outro modo, seriam Espíritos perfeitos.

Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons. São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os une lhes é fonte de inefável ventura, que não tem a perturbá-la nem a inveja, nem os remorsos, nem nenhuma das más paixões que constituem o tormento dos Espíritos imperfeitos. Todos, entretanto, ainda têm que passar por provas, até que atinjam a perfeição.

Como Espíritos, suscitam bons pensamentos, desviam os homens da senda do mal, protegem na vida os que se lhes mostram dignos de proteção e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre aqueles a quem não lhes é grato sofrê-la.

Quando encarnados, são bondosos e benevolentes com os seus semelhantes. Não os movem o orgulho, nem o egoísmo, ou a ambição. Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.

A esta ordem pertencem os Espíritos designados, nas crenças vulgares, pelos nomes de bons gênios, gênios protetores, Espíritos do bem. Em épocas de superstições e de ignorância, eles hão sido elevados à categoria de divindades benfazejas.

Podem ser divididos em quatro grupos principais: (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 96)

[Segunda ordem – Bons Espíritos]

108. Quinta classe. Espíritos benévolos. – A bondade é neles a qualidade dominante. Apraz-lhes prestar serviço aos homens e protegê-los. Limitados, porém, são os seus conhecimentos. Hão progredido mais no sentido moral do que no sentido intelectual. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 97)

[Segunda ordem – Bons Espíritos]

109. Quarta classe. Espíritos sábios. – Distinguem-se especialmente pela amplitude de seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais, do que com as de natureza científica, para as quais têm maior aptidão. Entretanto, só encaram a ciência do ponto de vista da sua utilidade e jamais dominados por quaisquer paixões próprias dos Espíritos imperfeitos. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 97)

[Segunda ordem – Bons Espíritos]

110. Terceira classe. Espíritos de sabedoria. – As qualidades morais da ordem mais elevada são o que os caracteriza. Sem possuírem ilimitados conhecimentos, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes faculta juízo reto sobre os homens e as coisas. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I –  p. 97)

[Segunda ordem – Bons Espíritos]

111. Segunda classe. Espíritos superiores. – Esses em si reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. Da linguagem que empregam se exala sempre a benevolência; e uma linguagem invariavelmente digna, elevada e, muitas vezes, sublime. Sua superioridade os torna mais aptos do que os outros a nos darem noções exatas sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem saber. Comunicam-se complacentemente com os que procuram de boa-fé a verdade e cuja alma já está bastante desprendida das ligações terrenas para compreendê-la. Afastam-se, porém, daqueles a quem só a curiosidade impele, ou que, por influência da matéria, fogem à prática do bem.

Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso e então nos oferecem o tipo da perfeição a que a Humanidade pode aspirar neste mundo. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 97)

A questão da identidade é, pois, como dissemos, quase indiferente, quando se trata de instruções gerais, uma vez que os melhores Espíritos podem substituir-se mutuamente, sem maiores consequências. Os Espíritos superiores formam, por assim dizer, um todo coletivo, cujas individualidades nos são, com exceções raras, desconhecidas. Não é a pessoa deles o que nos interessa, mas o ensino que nos proporcionam. Ora, desde que esse ensino é bom, pouco importa que aquele que o deu se chame Pedro ou Paulo. Deve ele ser julgado pela sua qualidade, e não pelas suas insígnias. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns –  Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 275)

9. […] A verdade absoluta é patrimônio unicamente de Espíritos da categoria mais elevada e a humanidade terrena não poderia pretender possuí-la, porque não lhe é dado saber tudo. Ela somente pode aspirar a uma verdade relativa e proporcionada ao seu adiantamento. (003 – Capítulo XV – p. 212)

[…] Os Espíritos superiores não se preocupam absolutamente com a forma. Para eles, o fundo do pensamento é tudo. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Introdução – p. 39)

267. […] 

6º) A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo menos quanto ao fundo. Os pensamentos são os mesmos, em qualquer tempo e em todo lugar. Podem ser mais ou menos desenvolvidos, conforme as circunstâncias, as necessidades e as faculdades que encontrem para se comunicar; porém, jamais serão contraditórios. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 280)

[…] O Espírito realmente superior é sempre grave, digno e nobre; sublime, quando o assunto o exige; não só dizem apenas coisas boas – dizem-no em termos que excluem de modo absoluto toda trivialidade. Por melhores que sejam as coisas, se elas forem manchadas por uma única expressão que denote baixeza, temos um sinal inconteste de inferioridade, com mais forte razão, se o conjunto da comunicação fere as conveniências por sua grosseria. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Comunicações espíritas –  p. 52)

879. Qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza?

“O do verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porquanto praticaria também o amor do próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo XI – p. 391)

624. Qual o caráter do verdadeiro profeta?

“O verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos. Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo I – p. 297)

[…] Qual é, afinal, o caráter do verdadeiro profeta? O verdadeiro profeta é um enviado de Deus para advertir ou esclarecer a Humanidade. Ora, um enviado de Deus só pode ser um Espírito Superior e, como homem, um homem de bem. Será reconhecido por seus atos, que trarão o cunho de sua superioridade, e pelas grandes coisas que realizará pelo bem e para o bem, e que revelarão sua missão, sobretudo às gerações futuras, pois que, conduzido muitas vezes e sem o saber por uma força superior, quase sempre se ignora a si mesmo. Não será, pois, ele que se atribuirá essa qualidade: são os homens que o reconhecerão como tal, as mais das vezes após a sua morte.

Se, pois, um homem quisesse fazer-se passar pela encarnação de tal ou qual profeta, deveria prová-lo pela eminência de suas qualidades morais, que em nada deveriam ser inferiores às daquele cujo nome se atribui. Ora, esse papel não é fácil de ser sustentado e nem sempre é agradável, uma vez que pode impor penosas privações e duros sacrifícios, mesmo o da vida. Há, neste momento, espalhados pelo mundo, vários pretensos Elias, Jeremias, Ezequiéis e outros, que dificilmente se adaptariam à vida do deserto, e que acham muito cômodo viver a expensas de suas ingênuas vítimas, graças ao nome que tomaram indevidamente. Há mesmo vários Cristos, como houve vários Luises XVII, aos quais não falta senão uma coisa: a caridade, a abnegação, a humildade, a eminente superioridade moral; numa palavra, todas as virtudes do Cristo. Se, como ele, não tivessem onde repousar a cabeça, mas apenas uma cruz diante de si, bem depressa abdicariam de uma realeza tão pouco vantajosa neste mundo. Pela obra se reconhece o obreiro; que, pois, os que quiserem colocar-se acima da Humanidade, disso se mostrem dignos, caso não queiram ter a sorte do galo que se enfeitou com as penas de pavão, ou do asno que vestiu a pele do leão. Uma queda humilhante os espera neste mundo e um dissabor mais terrível no outro, pois é ali que o que se eleva será humilhado. (Allan Kardec – Viagem Espírita – Viagem Espírita em 1862 – p. 40)

256. À medida que os Espíritos se purificam e elevam na hierarquia, os caracteres distintivos de suas personalidades se apagam, de certo modo, na uniformidade da perfeição; nem por isso, entretanto, conservam eles menos suas individualidades. É o que se dá com os Espíritos superiores e os Espíritos puros. Nessa culminância, o nome que tiveram na Terra, em uma das mil existências corporais efêmeras por que passaram, é coisa absolutamente insignificante. Notemos mais que os Espíritos são atraídos uns para os outros pela semelhança de suas qualidades e formam assim grupos, ou famílias, por simpatia. (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Segunda Parte – Capítulo XXIV – p. 274)

979. Não serão, para a alma, causa de penosa apreensão, que lhe altera a felicidade, as provas por que ainda tenha de passar para acabar a sua purificação?

“Para a alma ainda maculada, são. Daí vem que ela não pode gozar de felicidade perfeita, senão quando esteja completamente pura. Para aquela, porém, que já se elevou, nada tem de penoso o pensar nas provas que ainda haja de sofrer.”

Nota – Goza da felicidade a alma que chegou a um certo grau de pureza. Domina-a um sentimento de grata satisfação. Sente-se feliz por tudo o que vê, por tudo o que a cerca. Levanta-se-lhe o véu que encobria os mistérios e as maravilhas da Criação e as perfeições divinas em todo o esplendor lhe aparecem. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Quarta – Capítulo II – p. 439-440)

[Espíritos Felizes – A Sra. Anaïs Gourdon]

[…] — P. Sois feliz como Espírito?

R. Sou feliz. Amo e espero. Os céus não me infundem temor, e cheia de confiança aguardo que asas brancas me alcem até eles.

P. Que entendeis por asas brancas?

R. Tornar-me Espírito puro, resplandecer como os mensageiros celestes que me ofuscam.

Nota – As asas dos anjos, arcanjos, serafins, que não passam de Espíritos puros, são evidentemente apenas um atributo pelos homens imaginado para dar ideia da rapidez com que se transportam, visto como a sua natureza etérea os dispensa de qualquer amparo para fender os espaços. Contudo, eles podem aparecer aos homens com tal acessório para lhes corresponderem ao pensamento, assim como os Espíritos se revestem da aparência terrestre a fim de se fazerem cognoscíveis.

[…]

P. Como pode ser tão poética a vossa linguagem, e tão pouco em harmonia com a posição que tivestes na Terra?

R. É que a minha alma é quem fala. Sim, eu tinha conhecimentos adquiridos e Deus permite muitas vezes que Espíritos delicados encarnem entre os homens mais rústicos, para fazer-lhes pressentir as delicadezas ao seu alcance, que compreenderão mais tarde.

Nota – Sem esta explicação tão lógica, consentânea com a solicitude de Deus para com as criaturas, dificilmente se compreenderia o que à primeira vista parecerá anomalia. De fato, que pode haver de mais belo, poético e gracioso que a linguagem desta jovem educada entre rudes operários? Dá-se o contrário muitas vezes: Espíritos inferiores encarnam entre os mais adiantados homens, porém, com fito oposto. É visando o seu próprio adiantamento que Deus os põe em contato com um meio esclarecido, e, às vezes, também como instrumento de provação desse mundo. Que outra filosofia pode resolver tais problemas? (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Segunda Parte – Capítulo II – p. 214-215)

FENDER: separar(-se) em partes; dividir(-se), apartar(-se). [Definição do Dicionário  Online do Google]

COGNOSCÍVEL: que pode ser conhecido. [Definição do Dicionário  Online do Google]

[Espíritos Felizes – Um médico russo]

P. Em que consiste a vossa felicidade?

R. Isso é mais difícil de vos fazer compreender. Essa ventura que gozo é uma espécie de contentamento extremo de mim mesmo, não pelos meus merecimentos — o que seria orgulho — e este é predicado de Espíritos atrasados — mas contentamento como que saturado, imerso no amor de Deus, no reconhecimento da sua infinita bondade. Em suma, é a alegria que nos infunde o bem, podendo supor-se ter a seu arbítrio contribuído para o progresso de outros, que se elevaram até o Criador. Ficamos como que identificados com esse bem-estar, que é uma espécie de fusão do Espírito com a bondade divina. Temos o dom de ver os Espíritos mais adiantados, de compreender-lhes a missão, de saber que também nós a tanto chegaremos; no infinito incomensurável, entrevemos as regiões em que rútilo esplende o fogo divino, a ponto de deslumbrar-nos, mesmo através do véu que as envolve.

“Mas que digo? Compreendeis as minhas palavras? Acreditais ser esse fogo, a que me refiro, comparável ao Sol, por exemplo? Não, nunca. É uma coisa indizível ao homem, uma vez que as palavras só exprimem para ele coisas físicas ou metafísicas que conhece de memória ou intuitivamente. Desde que o homem não pode guardar na memória o que absolutamente desconhece, como insinuar-se-lhe a percepção? Ficai porém ciente de que é já uma grande ventura o pensar na possibilidade de progredir infinitamente.” (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Segunda Parte – Capítulo II – p. 195)

RÚTILO: Capaz de rutilar, resplandecer, brilhar intensamente. [Definição do Dicio, Dicionário Online de Português]

170. O que fica sendo o Espírito depois da sua última encarnação?

“Espírito bem-aventurado; puro Espírito.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IV – p. 124)

112. [Sobre a primeira ordem – Espíritos puros] Caracteres gerais. – Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 97)

PUREZA ABSOLUTA – Estado dos Espíritos da primeira ordem, ou puros Espíritos. Os que percorreram todos os graus da escala e que não devem mais passar pela reencarnação. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário Espírita – p. 31)

[Primeira ordem – Espíritos puros]

113. Primeira classe. Classe única. – Os Espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.

Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, porém, não é a de uma ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gravíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.

Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 98)

128. Os seres a que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos?

“Não; são os Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo I – p. 102)

Segundo a doutrina espírita, os anjos não são seres à parte, de uma natureza especial: são Espíritos de primeira ordem, isto é, aqueles que chegaram ao estado de puros Espíritos, depois de terem passado por todas as provas.

Nosso mundo não existe de toda a eternidade, e muito antes que fosse formado, alguns Espíritos haviam atingido aquele grau supremo. Então, os homens pensaram que aqueles sempre tinham sido assim. (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário Espírita – p. 10)

8. […]

Entre os degraus inferiores e os mais elevados, inúmeros outros há, e difícil é reconhecer-se nos Espíritos puros, desmaterializados e resplandecentes de glória, os que foram esses seres primitivos, do mesmo modo que no homem adulto se custa a reconhecer o embrião. (003 – Capítulo III – p. 60)

186. Haverá mundos em que o Espírito, deixando de revestir corpos materiais, só tenha por envoltório o perispírito?

“Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como se não existisse. Esse o estado dos Espíritos puros.”

a) Parece resultar daí que, entre o estado correspondente às últimas encarnações e o de Espírito puro, não há linha divisória perfeitamente demarcada; não?

“Semelhante demarcação não existe. A diferença entre um e outro estado se vai apagando pouco a pouco e acaba por ser imperceptível, tal qual se dá com a noite às primeiras claridades do alvorecer.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IV – p. 129)

188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou se acham no espaço universal, sem estarem mais ligados a um mundo do que a outros?

“Habitam certos mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à Terra; podem, melhor do que os outros, estar em toda parte.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo IV – p. 130)

10. Só os Espíritos puros recebem a palavra de Deus com a missão de transmiti-la; mas, sabe-se hoje que nem todos os Espíritos são perfeitos e que existem muitos que se apresentem sob falsas aparências, o que levou João a dizer: “Não acrediteis em todos os Espíritos; vede antes se os Espíritos são de Deus.” (1ª Epístola, 4:1.) (Allan Kardec – A Gênese – Capítulo I – p. 21)

29. Quando, num mundo, os Espíritos têm realizado a soma de progresso que o estado desse mundo lhe faculta efetuar, deixam-no e passam a encarnar noutro mais adiantado, onde entesouram novos conhecimentos e assim por diante, até que, de nenhuma utilidade mais lhe sendo a encarnação em corpos materiais, entram a viver exclusivamente a vida espiritual, em que também progridem noutro sentido e por outros meios. Galgando o ponto culminante do progresso, gozam da felicidade suprema. Admitidos nos Conselhos do Onipotente, identificam-se com o pensamento deste e se tornam seus mensageiros, seus ministros diretos para o governo dos mundos, tendo sob suas ordens os outros Espíritos ainda em diferentes graus de adiantamento. (Allan Kardec – Obras Póstumas – Profissão de fé espírita raciocinada – p. 48-49)

12. […]

[…] Os puros Espíritos são os messias ou mensageiros de Deus pela transmissão e execução das suas vontades. Preenchem as grandes missões, presidem à formação dos mundos e à harmonia geral do universo, tarefa gloriosa a que se não chega senão pela perfeição. Os da ordem mais elevada são os únicos a possuírem os segredos de Deus, inspirando-se no seu pensamento, de que são diretos representantes. (Allan Kardec – O Céu e o Inferno – Primeira Parte – Capítulo III – p. 31)

34. Sendo Deus a essência divina por excelência, unicamente os Espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização o podem perceber. Pelo fato de os Espíritos imperfeitos não verem a Deus, não se segue que eles estejam mais distantes de Deus do que os outros; esses Espíritos, como os demais, como todos os seres da natureza, se encontram mergulhados no fluido divino, do mesmo modo que nós o estamos na luz. O que há é que as imperfeições daqueles Espíritos são vapores que os impedem de vê-lo. Quando o nevoeiro se dissipar, vê-lo-ão resplandecer. Para isso, não lhes é preciso subir, nem procurá-lo nas profundezas do infinito. Desimpedida a visão espiritual das belidas que a obscureciam, eles o verão de todo lugar onde se achem, mesmo da terra, porquanto Deus está em toda parte. (Allan Kardec – A Gênese – Capítulo II – p. 60)

BELIDA: mancha permanente da córnea devido a traumatismos ou ulcerações; nefélio, nubécula. [Definição do Dicionário Online do Google]

147. Se Deus está em toda parte, por que nem todos os Espíritos podem vê-lo?

Deus está em toda parte, porque em toda parte Ele irradia, podendo dizer-se que o universo está mergulhado na divindade, como nós o estamos na luz solar; os Espíritos atrasados, porém, estão envolvidos numa espécie de nevoeiro que o oculta a seus olhos, e que se não dissipa senão à medida que eles se desmaterializam e se purificam. Os Espíritos inferiores são, pela vista, em relação a Deus, o que os encarnados são em relação aos Espíritos: verdadeiros cegos. (Allan Kardec – O Que é o Espiritismo – Capítulo III – p. 170)

969. Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe entoar louvores?

“É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus, porque o veem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo na Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo. Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Quarta – Capítulo II – p. 435)

562. Já não tendo o que adquirir, os Espíritos da ordem mais elevada se acham em repouso absoluto, ou também lhes tocam ocupações?

“Que quererias que fizessem na eternidade? A ociosidade eterna seria um eterno suplício.”

a) De que natureza são as suas ocupações?

“Receber diretamente as ordens de Deus, transmiti-las ao Universo inteiro e velar por que sejam cumpridas.” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda – Capítulo X – p. 272)

9. […]  O que não padece dúvida é que os Espíritos mais próximos de Deus pela perfeição se imbuem do seu pensamento e podem transmiti-lo. Quanto aos reveladores encarnados, segundo a ordem hierárquica a que pertencem e o grau a que chegaram de saber, esses podem tirar dos seus próprios conhecimentos as instruções que ministram, ou recebê-las de Espíritos mais elevados, mesmo dos mensageiros diretos de Deus, os quais, falando em nome de Deus, têm sido às vezes tomados pelo próprio Deus. (Allan Kardec – A Gênese – Capítulo I – p. 20)

625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?

“Jesus.”

Nota – Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo Ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito divino o animava. Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na lei de Deus, o têm transviado, ensinando-lhe falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Parte Terceira – Capítulo I – p. 297-298)

2. Sem nada prejulgar quanto à natureza do Cristo, natureza cujo exame não entra no quadro desta obra, considerando-o apenas um Espírito superior, não podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus desígnios. Mesmo sem supor que ele fosse o próprio Deus, mas unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos homens, seria mais do que um profeta, porquanto seria um Messias divino.

Como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres. Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem.

Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus. (Allan Kardec – A Gênese – Capítulo XV – p. 274-275)

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